Formas de transmissão e sinais distintos diferenciam as doenças virais dengue e covid-19. O infectologista Moacyr Silva Junior explica o que você precisa saber para cuidar da sua saúde.
Dengue e covid-19: dois casos de doenças que assolam o Brasil
O Brasil enfrenta atualmente os dois casos de doenças que colocam em risco a saúde da população: a dengue e a covid-19. Ambas são doenças virais, mas têm modos de transmissão e sintomas diferentes. Por isso, é importante saber reconhecer os sinais de cada uma e buscar ajuda médica quando necessário.
A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em locais com água parada. Já a covid-19 é causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que se espalha pelo ar, por meio de gotículas respiratórias de pessoas infectadas.
Segundo o Painel de Arboviroses, do Ministério da Saúde Ministério da Saúde, nessa quinta-feira, 29, o Brasil contabilizou 1.017.278 milhão de casos prováveis de dengue, com 214 mortes confirmadas. Isso significa que a doença infectou quase 17 mil pessoas por dia. O ministério admite que pode haver casos não notificados.
Como diferenciar os sintomas de dengue e covid-19?
Em entrevista à Agência Brasil, o infectologista do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Albert Einstein, Moacyr Silva Junior, explicou as principais diferenças entre os sintomas de dengue e covid-19.
Ele disse que a covid-19 se manifesta como um quadro respiratório ou de resfriado comum, com tosse, coriza, dor de garganta e dor no corpo. Alguns pacientes também podem ter febre, calafrios, fadiga e dor de cabeça.
Já a dengue se caracteriza por uma febre alta, geralmente acima de 38°C, acompanhada de dor no corpo, dor atrás dos olhos, mal-estar e prostração. Não há sintomas respiratórios, como coriza, tosse e expectoração.
“Quando a gente pensa em covid-19, o quadro é muito relacionado a um quadro respiratório ou de resfriado comum e dor no corpo. Já na dengue, geralmente, é um quadro mais seco. Esse quadro respiratório geralmente está ausente. Não vai haver infecção das vias aéreas superiores. É mais dor atrás dos olhos, dor no corpo, mal-estar. Não vai estar associado à coriza, tosse e expectoração”, afirmou o infectologista.
O que fazer em caso de suspeita de dengue ou covid-19?
O infectologista Moacyr Silva Junior orientou que as pessoas que apresentarem sintomas de dengue ou covid-19 devem procurar atendimento médico o quanto antes, para fazer o diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado.
Primeiramente, ele alertou que a dengue pode se agravar após o período febril, que dura de três a cinco dias. Em seguida, nessa fase, podem surgir sinais de alarme, como vômitos recorrentes, desidratação, dor abdominal, manchas pelo corpo e sangramentos. Por fim, esses sintomas indicam que o paciente pode estar evoluindo para uma forma grave da doença, que pode levar à morte.
“O agravamento da dengue acontece em torno do terceiro ao quinto dia, quando a febre desaparece. É interessante porque, geralmente, quando a febre desaparece, a gente acha que está melhorando. Mas, no caso da dengue, pode se um sinal de que a coisa pode piorar. Nessa piora, os sinais de alerta são vômitos recorrentes, a pessoa não consegue se alimentar, fica bem desidratada, dor de barriga, surgem manchas pelo corpo. São sinais de gravidade. Então, no terceiro dia, caso a febre suma e a pessoa se sinta pior, vale procurar o posto de saúde para ser avaliada e verificar a gravidade”, explicou.
Já a covid-19 pode apresentar complicações respiratórias, como falta de ar, baixa oxigenação, pneumonia e insuficiência respiratória. Essas condições, por sua vez, podem exigir internação hospitalar e até ventilação mecânica. Além disso, a covid-19 pode causar tromboses, inflamações cardíacas, renais e neurológicas, entre outras.
Automedicação: um perigo para a saúde
O uso de medicamentos sem prescrição médica, pode ser uma prática arriscada, especialmente em casos de dengue ou covid-19. A automedicação, mesmo que pareça uma forma de aliviar os sintomas rapidamente, requer cuidado para evitar problemas mais sérios – principalmente em casos de dengue, segundo o infectologista.
“Em relação à covid, particularmente, a dipirona e a lavagem nasal com soro fisiológico já ajudam e diminuem os sintomas até passar a fase. Já em relação à dengue, além do analgésico, que seria a dipirona, precisamos de uma hidratação bastante importante, algo em torno de três litros por dia de hidratação oral. Pode ser suco, água de coco e água. Associados à dipirona, para diminuir os sintomas de dor muscular. O que é contraindicado é o ácido acetilsalicílico, o AAS, que pode piorar os sinais de hemorragia caso o paciente evolua para dengue hemorrágica”, concluiu.
Como se prevenir nos dois casos?
A melhor forma de prevenir a dengue é eliminar os possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, que são locais com água parada, como pneus, garrafas, vasos de plantas, caixas d’água, calhas e ralos. Além disso, é recomendado usar repelentes, mosquiteiros e roupas que cubram a pele.
Para evitar a covid-19, é essencial seguir as medidas de distanciamento social, usar máscara, higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel e evitar aglomerações. Além disso, é importante se vacinar contra a covid-19 quando chegar a sua vez, seguindo o calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Com essas dicas, você pode cuidar da sua saúde e da sua família, evitando as duas doenças que mais preocupam o Brasil neste momento. Fique atenta aos sintomas, procure ajuda médica se necessário e siga as orientações dos profissionais de saúde. Assim, você contribui para a sua proteção e para o controle das epidemias.
Fonte: Agência Brasil