O alcoolismo é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas no mundo todo. No entanto, quando se trata das mulheres, esse problema é muitas vezes ignorado, negado ou estigmatizado pela sociedade. Neste artigo, vamos abordar as especificidades do alcoolismo feminino e os desafios para a prevenção e o tratamento.
O consumo de álcool entre as mulheres
De acordo com o estudo “Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2022”, realizado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), em 2021, houve uma queda no consumo abusivo para a população total de mulheres, em todas as faixas etárias. Entretanto, as mulheres são mais vulneráveis aos efeitos nocivos do álcool do que os homens, pois possuem menos água corporal e mais gordura, o que faz com que o álcool se concentre mais no sangue e nos órgãos. Além disso, as mulheres metabolizam o álcool mais lentamente do que os homens, o que prolonga a sua exposição à substância.
O consumo excessivo de álcool pode trazer graves consequências para a saúde física e mental das mulheres, como:
- Doenças hepáticas, cardíacas, gastrointestinais e neurológicas.
- Câncer de mama, fígado, esôfago e boca.
- Transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade e dependência.
- Problemas ginecológicos, como alterações menstruais, infertilidade e menopausa precoce.
- Complicações na gravidez e na amamentação, como aborto espontâneo, parto prematuro e síndrome alcoólica fetal.
O estigma social do alcoolismo feminino
Além dos riscos para a saúde, as mulheres que sofrem de alcoolismo enfrentam também um forte estigma social, que dificulta a busca por ajuda e tratamento. A sociedade costuma julgar as mulheres alcoólatras com mais severidade do que os homens, atribuindo-lhes rótulos negativos, como “promíscuas”, “irresponsáveis”, “desleixadas” ou “más mães”.
Esse preconceito pode gerar sentimentos de culpa, vergonha e baixa autoestima nas mulheres, que tendem a esconder ou negar o seu problema. Muitas vezes, elas também não encontram apoio ou compreensão da família, dos amigos ou dos profissionais de saúde.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) revelou que as mulheres que buscam tratamento para o alcoolismo em grupos mistos de Alcoólicos Anônimos (AA) sofrem abusos e discriminação por parte dos homens. Elas relataram se sentir pouco à vontade para falar de suas questões íntimas e declararam ser vítimas de assédio sexual e moral.
Como combater o alcoolismo feminino?
Para enfrentar o alcoolismo feminino, é preciso romper o silêncio e o tabu que cercam esse tema. É importante reconhecer que as mulheres têm necessidades específicas e diferentes dos homens quando se trata de prevenção e tratamento do alcoolismo.
Algumas medidas que podem contribuir para combater o alcoolismo feminino são:
- Promover campanhas de conscientização sobre os riscos do consumo de álcool para as mulheres.
- Oferecer serviços de saúde especializados e acolhedores para as mulheres alcoólatras.
- Ampliar os espaços exclusivamente femininos de apoio e recuperação, como grupos de AA ou outras comunidades terapêuticas.
- Combater o estigma e a discriminação contra as mulheres alcoólatras na sociedade.
- Estimular a autoestima e a autonomia das mulheres alcoólatras, valorizando suas potencialidades e projetos de vida.
Enfim, o alcoolismo feminino é um problema sério e complexo, que merece atenção e respeito. As mulheres alcoólatras não devem ser julgadas ou estigmatizadas, mas sim apoiadas e encorajadas a buscar ajuda e tratamento. Elas têm direito à saúde, à dignidade e à felicidade.