Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve aumento dos casos de estupro no Brasil em 2022. De acordo com o relatório, constam nos registros 74.930 vítimas de estupro, o maior número desde 2011. Além disso, é importante ressaltar que os números são baseados nas denúncias feitas à polícia. Adicionalmente, conforme um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), há uma subnotificação do crime, indicando que o número real de casos pode ser ainda maior.
Estupro no Brasil: perfil das vítimas e impacto da pandemia.
A maioria das vítimas de estupro é mulher, menor de idade, negra e conhece o autor do crime. Infelizmente esse aumento pode estar relacionado à pandemia da Covid-19, que deixou muitas crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
O relatório revela que a maioria dos estupros ocorre na casa da vítima (68,3%) e que as vítimas são principalmente mulheres (88,7%), menores de 18 anos (80%) e negras (56,8%). Além disso, em 82,7% dos casos, o agressor era conhecido da vítima.
Cristina Neme, socióloga e coordenadora de projetos no “Instituto Sou da Paz”, destaca os obstáculos das políticas públicas para evitar e enfrentar o estupro, principalmente o de vulnerável, que atinge crianças e adolescentes. Ela ressalta a relevância da escola como um lugar de proteção e educação para os jovens e reprova a ideia do home schooling, pois “É um atraso e prejudica as crianças” afirma a socióloga.
Região Norte lidera aumento de casos e enfrenta problemas ambientais e sociais.
Ainda segundo a socióloga, os estados do Norte tiveram as maiores altas de estupro, possivelmente ligadas a conflitos ambientais e sociais na região. Confira os dados da pesquisa divulgados nesta quinta-feira (20):
Em 2022, os estados do Norte registraram as maiores altas de estupro, com destaque para o Amazonas (37,3%), Roraima (28,1%), Rio Grande do Norte (26,2%), Acre (24,4%) e Pará (23,5%).
Por outro lado, apenas quatro estados tiveram queda de notificações: Minas Gerais (-8,4%), Mato Grosso do Sul (-2,1%), Ceará (-2%) e Paraíba (-1%).
Fonte: Secretárias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Fórum Brasileiro de Segurança Pública; Folha de S.Paulo.